quarta-feira, 19 de agosto de 2020

CASTRO EM LISBOA

Com a feliz recordação da iniciativa, trazida para este nosso
convívio pelo José Francisco Colaço Guerreiro e também com a
publicação do respetivo folheto que anunciava a realização dessa
Semana do Concelho de Castro Verde na Casa do Alentejo em
Lisboa, não há que deixar passar a oportunidade de relatar
algumas das particularidades que envolveram a sua realização e
também uma história engraçada que ocorreu por essa ocasião.
Nessa semana de Abril de 82 a Casa do Alentejo era como que
uma extensão da vila de Castro, tal o ambiente bairrista que se
conseguiu criar no seu interior. Há que realçar o excelente
trabalho e empenho do Colaço Guerreiro, que foi, diga-se, o
grande impulsionador desta inesquecível Semana.
Por quase todo o interior do magnífico edifício havia motivos
alusivos a Castro Verde e ao seu concelho. Mas foi no átrio, ao
nível do 1º andar, que se situaram as melhores representações
do ambiente alentejano e castrense.
Aí estava colocada uma maqueta, em tamanho natural, de uma
parte de uma cozinha típica da nossa terra, onde não faltava
nada do que se possa imaginar numa cozinha de uma casa de
um simples assalariado rural daquelas e anteriores épocas.
Quem se aproximasse da zona da sua chaminé e se desligasse
do ambiente circundante do átrio do edifício, sentia-se como se
estivesse nesse momento numa cozinha real em Castro. Todos
os visitantes adoraram a obra.
Nesse átrio acamparam durante a semana, num pequeno redil
com a respetiva palha, duas ovelhas levadas propositadamente
de Castro. Fizerem também as delícias dos visitantes.
Lá estavam as bancas da Somincor e da Castra Castrorum (onde
passei algumas horas durante a semana).
O jogo de futebol que se referencia no folheto (de que fui um dos
organizadores), realizou-se no campo do Futebol Benfica.
Foi um bom convívio entre todos os participantes apesar do
resultado desnivelado para uma das partes.
Vamos agora à história que refiro no início deste escrito.
No último dia da iniciativa – sábado, 17 Abril – logo a seguir ao
almoço convívio, realizou-se uma espécie de tarde cultural.
De entre os vários participantes, constava a atuação do Grupo
Coral Os Ganhões de Castro Verde, programada para as 4 da
tarde.
Com o aproximar dessa hora não se vislumbravam Ganhões no
interior do edifício.
Foi dado o alarme geral. Ninguém sabia onde estavam os
elementos do Grupo.
Às tantas lá aparece alguém que os descobriu!...
Parece que se encontravam na zona do Coliseu dos Recreios,
que ficava (e fica) na mesma rua e a cerca de 50 metros da Casa
do Alentejo.
Vou abrir aqui um parêntese para contextualizar e enquadrar a
realidade social da época em que se realizou esta iniciativa
castrense.
O 25 de Abril havia acontecido quase precisamente oito anos
antes. A sociedade começou a abrir-se a novas realidades (nem
sempre as melhores), nomeadamente na cidade de Lisboa.

Anexo ao edifício do Coliseu dos Recreios existia à data uma
espécie de cubículo, que no exterior anunciava um espetáculo do
tipo das “mil e uma noites”.
Quem a tal estivesse disposto poderia, mediante a introdução de
uma moeda de 10 escudos numa ranhura da porta do cubículo,
espreitar através de um óculo durante um certo tempo pré-
programado e assistir “on-line” às habilidades de umas tantas
odaliscas dos tempos modernos…
Era este o enquadramento do local onde os Ganhões
presumivelmente foram encontrados.
Disseram as “más línguas” da altura, que alguns dos nossos
conterrâneos lá iam à vez metendo a moedinha!...
Para gente que não estava habituada a estas “modernices” é
natural que se tenha generalizado algum descontrolo nos
horários…
Bem…, mas o que interessa é que às 4, cumprindo o que estava
programado, o Grupo lá estava em cima do palco para mais uma
bela atuação, muito aplaudida pelos castrenses e seus amigos
convidados, que enchiam o Salão Nobre da Casa do Alentejo.
Fica aqui registada a recordação desta Semana magnífica…
(credito Fernando Maruta)

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